Terceirização de tecnologia deve crescer 12% no Brasil em 2009, diz Gartner
Analistas afirmam que desvalorização do dólar frente às principais moedas da América Latina vai beneficiar mercado de outsourcing na região
Rodrigo Caetano, da Computerworld
15/07/2009 às 18h27
O mercado brasileiro de terceirização de tecnologia da informação deve crescer entre 10% e 12% em 2009, de acordo com pesquisa realizada pela consultoria norte-americana Gartner. O vice-presidente de pesquisas da empresa, Cássio Dreyfuss, afirma que a desvalorização do dólar em relação às principais moedas da América Latina — real, peso mexicano e peso argentino — vai beneficiar o segmento no País.
Para estimar o verdadeiro desempenho do mercado, a consultoria considerou uma “cesta” com as moedas mais importantes da região. Normalmente, a conta era feita tendo como referência o dólar. Usando a metodologia, o Gartner chegou a um crescimento esperado de 6% para o setor de terceirização na América Latina. O Brasil, considerando apenas o real, terá um avanço maior.
Os números são superiores aos do mercado global, que deve apresentar queda de 4,3% em 2009. No próximo ano, a consultoria estima uma melhora considerável, com crescimento de 3% no mundo e acima de 12% no Brasil. Com isso, a receita mundial do segmento deve ficar em 268,1 bilhões de dólares em 2009. Na América Latina, o mercado deve movimentar 9,4 bilhões de dólares este ano.
Ainda em relação ao mercado brasileiro, Dreyfuss afirma que a crise financeira fez as empresas andarem na contramão no que diz respeito às melhores práticas. Muitos diretores de tecnologia optaram pela terceirização apenas para reduzir orçamento. Segundo o especialista, é impossível conseguir gastar menos mantendo o mesmo nível de serviço. “Nenhuma empresa deve imaginar que, só por transferir determinada tecnologia para um terceiro, vai conseguir uma economia de 20%. Isso não vai acontecer. A crise fez o mercado dar três passos para trás”, diz o especialista.
Fornecedor global
De acordo com Ian Marriot, vice-presidente de pesquisas do Gartner, o Brasil vem ganhando espaço como provedor global de serviços de tecnologia. Na competição com a Índia, que lidera o mercado de terceirização, o País leva vantagem em três aspectos, segundo o consultor: melhor infraestrutura, ambiente político e econômico mais estável e maior compatibilidade cultural com a Europa e os Estados Unidos, onde estão os principais clientes.
Marriot afirma que, especialmente na Europa, muitas oportunidades devem surgir para empresas brasileiras. Em relação à chegada de companhias indianas ao Brasil, o executivo diz que as empresas nacionais devem focar em suas qualidades, sem se posicionar apenas como uma alternativa, e não tentar competir em custos.
“A chegada de empresas estrangeiras pode ser positiva, pois sempre traz outro tipo de conhecimento, que pode ser aproveitado pelas empresas locais”, afirma Marriot. O que também beneficiou as companhias brasileiras de terceirização foi o escândalo envolvendo a indiana Satyam.
No final do ano passado, o presidente da companhia admitiu ter fraudado os balanços contábeis da empresa durante anos. “O episódio mostrou aos clientes que não se deve colocar todos os ovos na mesma cesta. É fundamental diversificar os fornecedores”, diz Dreyfuss.